O requerimento para que o Senado apresente um voto de censura e repúdio ao cerco militar da embaixada brasileira em Honduras - onde está abrigado o presidente deposto daquele país, Manuel Zelaya - provocou polêmica na noite desta quarta-feira (30) e, por isso, acabou não sendo votado. É a segunda vez que o requerimento, já aprovado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), deixa de ser votado em Plenário por falta de consenso.
Ao se opor à aprovação da proposição, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou que o texto, da forma como está, "representa um apoio indireto à atitude desastrosa do governo brasileiro nesse caso".
- Por que o Senado deveria apoiar um governo [o brasileiro] que rasgou as regras de convivência internacional, desrespeitando o princípio de autodeterminação dos povos? - questionou Demóstenes.
Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores, discordou de Demóstenes, argumentando que "o requerimento não apóia o governo e seu ponto principal é o repúdio ao cerco militar da embaixada". Azeredo lembrou ainda que a nota foi ampliada para condenar "o uso da embaixada como palanque político para Zelaya".
- O governo brasileiro fez, sim, uma trapalhada. Mas isso não significa que não possamos condenar o cerco militar à embaixada - declarou Azeredo.
O presidente da CRE salientou ainda que o requerimento foi discutido nessa comissão e "resultou do consenso, do meio termo entre posições distintas, como as dos que defendem o governo brasileiro e os que o criticam".
Entre os senadores que se manifestaram a favor do requerimento estavam Flávio Arns (sem partido-PR), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Renato Casagrande (PSB-ES) e Wellington Salgado (PMDB-MG).
- É uma pena que o Senado não possa condenar o cerco muito mais por motivos internos do que externos - disse Renato Casagrande.
Assim como Demóstenes, Heráclito Fortes (DEM-PI) pediu que o requerimento não seja votado da forma como está. Ele reiterou que a nota de repúdio acaba por referendar "a política errada da diplomacia brasileira" e sugeriu uma nova reunião para que se altere o texto.
- A preocupação de Demóstenes é pertinente. Estamos com um pepino - declarou Heráclito.
Segundo o senador, Zelaya, quando esteve no Brasil, teria se reunido com Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, com o objetivo de combinar sua ida à embaixada brasileira.
Demóstenes disse, ainda, que é contra a expulsão de Zelaya, e que o atual governo hondurenho errou ao tomar essa atitude, mas também observou que "o asilo deve ser concedido para uma pessoa que esteja em risco e pretenda sair de seu país".
- Mas não foi o que fez Zelaya. Ele procurou a embaixada para retornar a Honduras - assinalou o parlamentar do DEM.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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