sábado, 24 de abril de 2010

UGT evitará evento sindicalista pró-Dilma

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) decidiu não participar do ato que reunirá as principais centrais sindicais do País no Estádio do Pacaembu em 1º de junho. A decisão está ligada à grande influência de lideranças do Partido Popular Socialista (PPS), que apoiam a candidatura de José Serra (PSDB).

Para eles, o ato será uma aclamação para a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. "Não vamos participar. As centrais vão levar Dilma para o campo, e por conta de um grupo forte do PPS na UGT não temos condições de estar na atividade", disse o presidente da UGT, Ricardo Patah, também presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo. "Não há consenso na UGT sobre o apoio a candidatos à Presidência. A UGT é plural e temos grupos que apoiam Serra, outros que apoiam Dilma e outros que apoiam Marina."

A UGT existe há 3 anos e representa cerca de 14% dos sindicatos do País, ou 1,5 milhão de trabalhadores. Diferentemente da CUT e da Força, ligadas à base do governo Lula, o deputado estadual David Zaia (PPS), líder dos bancários da antiga Nossa Caixa, é um dos vice-presidentes da entidade, bem como o vice-prefeito de Carapicuíba, Antônio Carlos dos Reis, o Salim (DEM), e o deputado federal José Roberto Santiago Gomes (PV). A diferença em relação à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e à Força Sindical é que a maioria dos sindicatos ligados à UGT não está na indústria, mas no comércio e nos serviços.

É o caso do secretário nacional de Organização e Políticas Sindicais da UGT, Chiquinho Pereira, também presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, que é filiado ao PPS. "Os padeiros e os bancários estão com Serra", disse Patah. De acordo com ele, dos 15 Estados onde a UGT tem representação, 11 se posicionaram a favor da candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência da República.

CUT, Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) vão reunir 35 mil pessoas no dia 1º de junho no Estádio do Pacaembu. De acordo com as centrais, o objetivo será apresentar uma lista de propostas de interesse dos trabalhadores para os candidatos à Presidência da República.

O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, negam que o evento será uma aclamação da candidatura de Dilma. "Vamos convidar todos os candidatos e entregar a todos eles nossa pauta", disse Artur Henrique.

"Estão usando essa imagem de que há uma união da classe trabalhadora a favor da Dilma e para isso querem dar impressão de uma conferência nacional da classe trabalhadora. Isso não é verdade", criticou Chiquinho Pereira.

Os dirigentes admitem, porém, que a maioria dos integrantes das centrais é favorável à candidatura de Dilma Rousseff. "Minha posição pessoal é que temos que manter independência e autonomia, mas não podemos ser omissos. Temos dois projetos colocados nessa eleição e devemos trabalhar para impedir o retrocesso. Na nossa opinião, é a vitória de Serra, que representa a volta das políticas neoliberais do PSDB, DEM e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou Artur Henrique. "Acho que a única pessoa que tem condições de implementar uma pauta favorável às centrais é a companheira Dilma."

"Em todas as centrais a maioria dos integrantes se posiciona a favor da candidata do governo", reconheceu Juruna. De acordo com ele, o documento a ser entregue aos candidatos ficará pronto até o dia 1º de maio, Dia do Trabalhador. No dia 1º de junho a carta será lida e votada no estádio, palco de uma grande assembleia dos trabalhadores.

Entre as propostas estarão o fortalecimento da negociação coletiva e da organização sindical no local de trabalho, combate ao trabalho escravo e infantil, luta contra a informalidade e a rotatividade da mão de obra, repasse dos ganhos de produtividade aos salários dos trabalhadores, redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários, aumento da participação dos trabalhadores nas decisões das empresas estatais, fundos de pensão e bancos públicos, exigência de contrapartidas sociais a empresas que tomarem recursos de instituições públicas, transformação de políticas do governo Lula em leis federais, entre outras.

AE 

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