Este Blog reproduz o discurso do vereador Leonel Brizola Neto, líder do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, proferido no dia 09/09/2009, publicado no DCM do dia 10/09/2009.
Estava pensando aqui como começaria o meu discurso, mas, às vezes, uma foto vale mais do que palavras. E, olhando para esta foto divulgada - não sei se a câmera da TV Câmara pode mostrá-la - em todos os jornais, em todos os sites da Internet, acredito que esta foto vale mais do que qualquer palavra, mais do que qualquer justificativa.
Quanto vale um professor? O que significa um professor na nossa vida? Por que é tratado dessa maneira? Hoje, o salário de um professor no Estado do Rio de Janeiro está abaixo do salário do gari da COMLURB - não que o gari mereça ter um salário baixo, pelo contrário, mas com certeza, a desvalorização do profissional de Educação neste Estado é algo gritante, é algo criminoso. Esta foto, realmente, mostra o despreparo das nossas autoridades para lidar com a simples situação de manifestação. É inconcebível que um policial aponte a arma para um professor, é inconcebível que o Governador do Estado jogue bomba e bala de borracha.
E se matasse um professor ou um estudante? Poderia ter acontecido...
Esta foto foi clara, poderia ter acontecido. Lembro bem que o meu avô Leonel Brizola, quando os professores reivindicaram um plano de salário e carga horária, foi ao sindicato conversar com os professores. Ele chegou vaiado, mas saiu aplaudido, porque teve a coragem de conversar pessoalmente com os profissionais de Educação e de mostrar a eles qual era o seu objetivo como Governador do Estado. Não ficou só na promessa eleitoreira, que tanto ouvimos o Governador Sérgio Cabral proferir em sua campanha.
Olha, Sr. Presidente, a vida é feita de acertos e equívocos, e aprendemos muito com os nossos erros. Eu já errei muitas vezes na vida, sou jovem, mas, particularmente, eu me arrependo de um erro que cometi, e que levo como ensinamento para o resto da minha vida. No segundo turno das eleições passadas, apoiei o Governador Sérgio Cabral com a condição simples de haver a retomada do plano de educação integral dos CIEP's, que o povo carinhosamente chama de Brizolão. Fomos lá, à solenidade, eu e meu irmão hoje, Deputado Federal Brizola Neto, em frente ao Brizolão Tancredo Neves, e o Governador abraçou a gente e disse: "Este é o nosso compromisso com a Educação."
Ele usou meu nome, e eu lhe digo, Governador, que me arrependo de ter votado no senhor. Se existe algum equívoco que eu tenha cometido nesta vida, foi o de ter abraçado essa ideia. Mas que sirva de exemplo, pois como pode uma pessoa querer se reeleger tratando o trabalhador de baixa renda à base de chicote, como vimos no episódio da SuperVia? (...)
Acho que a foto resume mil palavras: é assim que o Governador trata o professor. Ele deveria lembrar que, se ele tem o conhecimento que tem, foi graças aos professores que teve. Se o filho dele hoje tem capacidade, foi graças aos professores que teve em sua vida. Todos nós chegamos onde estamos graças aos professores que tivemos. Há uma frase de Albert Einstein que diz: "Entre querer o mundo e querer um professor, se você quiser ficar com o mundo, você vai ficar sem o professor, mas se você quiser ficar com o professor, você pode ganhar o mundo." Então, isso é inaceitável! O Governador deveria ter a humildade de ir ao Sindicato dos Professores e pedir desculpas. Ele deveria dizer: "Desculpa, não foi essa a minha intenção. Eu quero, sim, parabenizar os professores pela coragem de ir à rua protestar e manifestar seu direito, porque seu plano de carreira iria ser tragado e o salário seria cada vez menor."
É público e notório que só através de uma Educação de qualidade o Brasil poderá competir com as grandes nações do mundo. Só através de uma escola pública laica, democrática, onde o magistério e o professor são valorizados, o Brasil poderá se portar como uma grande nação. Vendo o resultado da análise de nossas escolas e universidades, é claro que as melhores colocadas foram as federais, aquelas em que os professores são qualificados, com mestrado e doutorado.
Então, é inadmissível que o salário do professor aqui no Estado do Rio de Janeiro seja menor que o salário mínimo criado pelo Presidente Lula, que será de R$ 509,00. Aliás, existe uma contradição. É pena que o líder do PT não esteja aqui porque eu queria perguntar a ele sobre esse apoio do PT ao Governador do PMDB, que massacra o trabalhador de baixa renda.
De um lado, o Presidente Lula constroi um milhão de casas populares, estatiza o petróleo... O petróleo, realmente, será nosso, caso contrário estaríamos colhendo o malefício plantado pelo PSDB, que privatizou a Petrobras, entregou parte da Petrobras ao estrangeiro. Se hoje a Petrobras administrasse, eu ficaria feliz (...) Não dá para retomarmos totalmente a Petrobras porque hoje a maioria dos acionistas é estrangeira e recomprar todas estas ações não seria possível, o preço subiria e seria um grande prejuízo. Essa é a defesa do Governador do petróleo do Rio de Janeiro? Ele defende as multinacionais que patrocinam seu governo. Basta ver que ele terceiriza tudo em seu governo! Basta ver que ele era desse partido que vendeu a soberania nacional!
Por isso, o Governador Leonel Brizola, lembro aqui, pediu o fuzilamento do Sr. Fernando Henrique! (...) Está aí o malefício que estamos colhendo do PSDB. Esta aí o entreguismo em nosso país! Esse partido, para mim, não é um partido, mas um banco. É um "leão de chácara" do imperialismo na América Latina. Esse é o papel do PSDB, e é de lá que o Sr. Cabral saiu, é de lá que veio essa ideologia. Por isso ele trata o professor dessa maneira. Cabral, tem um governador lá atrás que também trabalhava para eleger seu próximo e sentou "o cacete" nos professores. Não foi eleito! Era o Moreira Franco, com o qual o senhor é muito parecido.
Sr. Presidente, encerro dizendo ser inaceitável. Que venha o senhor governador pedir desculpas em público. Não é dessa maneira que se trata um professor. O professor deve ser valorizado em nosso país! Ele é de suma importância para o desenvolvimento dos nossos jovens, das nossas crianças.
Muito obrigado, Sr. Presidente
sábado, 12 de setembro de 2009
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