quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Os dilemas da oposição

Geraldo Tadeu Monteiro - Cientista político - Transcrito do jornal O Dia

Diante da avassaladora popularidade do presidente Luiz Lula da Silva e de sua explícita campanha em prol de sua candidata, os líderes da oposição inquietam-se com as “vacilações” de José Serra e Aécio Neves, seus potenciais candidatos. O PT quer polarizar, mas o PSDB, não. Será então verdade que a oposição “padece de excesso de vaidade e de completa falta de rumo”, como disse a ministra Dilma?

São dois os dilemas da oposição. O primeiro, a definição do candidato, na verdade é um falso dilema. Serra lidera todas as pesquisas com mais que o dobro do segundo colocado em intenções de voto, é conhecido por 95% dos eleitores e tem a menor rejeição entre os candidatos. Já Aécio tem menos intenções de voto que Ciro e Dilma, não é conhecido por 20% dos eleitores e, pior, não tem crescido nas pesquisas. Precisa dizer mais?

O segundo, esse sim, o verdadeiro dilema, é bem mais complicado: o que dizer para o eleitor se a maior parte do programa de Fernando Henrique Cardoso foi encampado por Lula?

Noves fora as diferenças, sempre exageradas pelo governo, não dá pra ver diferença na condução das políticas econômica (a estabilidade macroeconômica), educacional (a universalização do ensino fundamental e a estruturação dos sistemas de avaliação), de saúde (política de atenção básica, os genéricos, etc) e mesmo social (Bolsa-Escola, Vale-Gás, etc).

Se isso é bom para a continuidade das políticas públicas, é ruim para o debate eleitoral. Desideologizado, ele acaba se dando em torno de quem fez ou não fez, e não do que fez. Se a oposição quiser ganhar em 2010, precisa mais de um discurso que de um candidato.

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