domingo, 11 de abril de 2010

Lula pede vitória de Dilma no primeiro turno

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou como irá se portar na campanha da ex-ministra Dilma Rousseff à sucessão do Planalto. Se há 15 dias, em visita à entidade que o projetou politicamente ao cenário nacional, o petista pouco utilizou a fala como principal cabo eleitoral da “Mãe do PAC”, ontem (10/04), durante evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ele “deitou e rolou” em defesa de sua pupila.

Lula convocou a militância presente – centrais sindicais – para trabalhar dia e noite em prol da vitória da petista. Apesar de rechaçar o salto alto, ele pediu a conquista presidencial já no dia 3 de outubro.

“Nós queremos essas eleições e não queremos que tenham dois turnos se a gente puder matar a coisa logo no primeiro turno”, disse. “Não existe descanso daqui até lá. Não vamos ficar esperando a televisão (propaganda partidária). A televisão vale para quem não tem a consciência que nós temos. Nós temos que organizar a campanha da Dilma em cada local de trabalho”, disse.

O presidente chegou ao evento com mais de duas horas de atraso. O ato em defesa do Trabalho Decente estava previsto para as 11h, mas teve início ao meio-dia (mesmo horário do ato, em Brasília, que marcou oficialmente a pré-candidatura do principal oponente, o tucano José Serra (PSDB). Lula chegou uma hora depois.

Nos 30 minutos de discurso, ele não poupou elogios a Dilma. “Eu tenho certeza que nos debates e nos enfrentamentos você vai passar para todos nós a garantia e a certeza da competência que você nos passou em oito anos de trabalho conjunto”. O ar eleitoral das palavras do presidente foi aspirado já na saudação. “Eu vou tentar ser breve o necessário para convencer vocês a votarem na Dilma”.

Além de enaltecer a ex-ministra, Lula também usou o discurso para criticar a oposição tucana. Ciente do bordão utilizado pelo PSDB de que o “Brasil pode mais”, ele deu início a estratégia de comparar a atual gestão com a era FHC. “O nordestino não quer sentir o orgulho que eles deram para nós há muito tempo. Dizendo assim: está vendo aquele prédio? Foi um nordestino que construiu. Está vendo aquela ponte? Foi um nordestino que construiu. Nós nordestinos queremos ser engenheiros e médicos também. Essa é a diferença entre nós e eles: eles querem e nós fazemos”.

Ainda com o foco no slogan oposicionista, Lula ironizou ao dizer que o PSDB não teve criatividade, pois copiou o tema da campanha do presidente americano, Barack Obama. “Eu nunca imaginei que a inteligência dos nossos adversários fosse conduzi-los a copiar o slogan do Obama. Eles não tiveram coragem de copiar na íntegra o nós podemos (“We can” na campanha do presidente americano). O Brasil pode com nós, ou melhor, conosco porque o com nós não é muito bem falado”, brincou.

Reiterando a comparação do “nós contra eles”, o presidente disse que deixará a “Casa azeitada” para o sucessor. “Quando eu apresentei o PAC 2, eu poderia ter deixado pra Dilma apresentar se ela ganhar as eleições – que vai ganhar – daqui a um ano. Eu apresentei porque eu não quero que ela passe pelo que eu passei. Chegar ao país para governar e não ter um projeto na prateleira. Eu quero que ela chegue e pegue a criança com fraldas limpas. Eu não quero que a Dilma seja eleita para fazer o que eu fiz, se fosse assim, eu teria brigado pelo terceiro mandato. Eu quero que ela seja eleita para fazer mais e melhor. Ela tem competência e qualidade”.

Lula aproveitou a ocasião para fazer o “lobby” do senador Aloizio Mercadante, que disputará o governo de São Paulo. “Os tucanos fazem alternância de poder, mas estão aqui desde 1982. Já está quase criando teia de aranha. Desde 82 porque eles mudam de partido, mas são os mesmos. Nós precisamos ficar atentos. Se o Mercadante for eleito será diferente”, disse.

A pré-candidata Dilma Rousseff, que discursou antes de Lula, já tinha dado o tom da crítica aos opositores. “O povo brasileiro não quer o passado da estagnação de volta. Os viúvos da estagnação são aqueles que são os nossos oponentes. Acabou o tempo dos exterminadores de emprego e também exterminadores de futuro”, disse a ex-ministra destacando que não esconderá sua biografia e nem a sua participação no atual governo. A declaração foi uma mensagem direta aos tucanos que rechaçam a comparação com o passado.

No evento, além dos pré-candidatos Dilma (presidente), Mercadante (governo) e Marta Suplicy (Senado), marcaram presença os ministros Carlos Lupi (Trabalho) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e os representantes de alguns dos partidos que integram a base de apoio a Dilma: PPL, PDT, PCdoB, PSB e PTN. Os prefeitos do ABC, Luiz Marinho (São Bernardo), Mário Reali (Diadema) e Oswaldo Dias (Mauá) também prestigiaram o ato.

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