quinta-feira, 25 de junho de 2009

Deputado Molon é contra a modernização dos bondes de Santa Teresa

O presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Alessando Molon (PT), mostrou-se contrário ao projeto da Secretaria de Estado de Transportes para a modernização dos 19 bondes que deveriam estar circulando pelo bairro de Santa Teresa, no Centro do Rio.

Em audiência da comissão ontem, moradores da região disseram que, apesar do financiamento do Banco Mundial (Bird) de R$ 22 milhões, não foram realizadas melhorias no transporte e 34 funcionários do bondinho foram demitidos. "Este dinheiro deve ser investido na reforma dos bondinhos, que estão sucateados, e em obras na rede aérea, na garagem-oficina e nas estações. O projeto da secretaria de modernizar os bondes compromete seus modelos originais e fere o processo de tombamento histórico e cultural de 1988", argumentou o parlamentar, que também defendeu a reintegração dos antigos funcionários.

Presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Paulo Saad contou que a empresa privada T'Trans, de Três Rios, cidade do Centro-Sul fluminense, contratada para a realização das obras, só reformou 45% das vias e, até agora, só dois bondes estão em circulação. "Queremos a volta imediata de todos os bondes restaurados, a volta do horário de funcionamento das 5h às 24h, que o intervalo máximo entre as viagens seja de 10 minutos e que seja montado um sistema de integração com outros transportes com bilhete único", reivindicou Saad. Engenheiro técnico da Companhia Estadual de Transportes (Central), empresa pública responsável pela administração dos bondinhos, Élcio Campos informou que o processo licitatório da T'Trans "foi legítimo". "Eles nos apresentaram toda a documentação e ofereceram o menor preço pelas garantias de serviço. Porém, projetos ainda não foram liberados por ausência de garantia de segurança", admitiu Campos, que informou que peças antigas retiradas dos bondes e não utilizadas serão devolvidas às garagens.

O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio, Carlos Fernando, disse que o uso dos bondes como veículo de transporte de massa viola limites de segurança, pois o tombamento limita o processo de modernização. "A população deve decidir se quer o bonde em seu formato original ou se quer que ele atenda a uma pequena demanda de passageiros", explicou Fernando. O superintendente disse ainda que, se os moradores optarem por sua conservação, é preciso que os bondes sejam preservados. "Os bondes de 112 anos só podem circular em conjunto com outro tipo de serviço de transporte para suprir a demanda. O que não dá é pra modernizar tentando manter o formato original, o que torna os bondinhos um verdadeiro sítio arqueológico", disse.

Promotor do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, Marcos Leal informou que uma liminar contra o Governo do estado e a empresa T'Trans para que as reformas sejam feitas já foi concedida. "Os réus responderam e o processo será encaminhado para o juiz dar a sentença. Havia sido concedido um prazo de 60 dias para o Governo cumprir as recomendações. Eles não obedeceram e deram justificativas técnicas e orçamentárias", explicou Leal, que garantiu que pedirá o julgamento antecipado do processo e irá aplicar multas caso transgressões forem cometidas.

Nenhum comentário:

 
PageRank