quinta-feira, 25 de junho de 2009
Simon sugere a Sarney que se afaste da Presidência
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) voltou a sugerir, nesta quinta-feira (25), que o presidente do Senado, José Sarney, se afaste do cargo até que se completem as investigações das denúncias de irregularidades na instituição. Na avaliação de Simon, seria melhor Sarney deixar a Presidência "antes que a sua situação fique insustentável e seja obrigado a sair". Frisou que a saída de Sarney não significaria admissão de culpa ou a aceitação da responsabilidade por tudo, mas "representaria um ato de grandeza de quem fez muitas coisas boas".
- Digo aqui com profundo sentimento de mágoa, e não gostaria de dizer o que vou dizer: o presidente Sarney tem que se afastar da Presidência para o bem dele, da família dele, da sua história e deste Senado. Se for possível, hoje - disse o senador.
O senador assinalou que Sarney não deve ser responsável pela investigação do próprio neto, do mordomo da filha ou do diretor-geral, Agaciel Maia, que ele mesmo indicou para o cargo, há 14 anos.
Simon lembrou medidas já adotadas, como a exoneração de diretores do Senado e a designação de comissões especiais de sindicância, observando que "até agora parece que nada valeu". Ele disse que a população nutre um sentimento de mágoa pelo Senado e está vendo de maneira muito dura a classe política.
- Não há lugar mais triste para estarmos do que o Senado. Ninguém confia em nós. Ninguém acredita que esta Casa vai fazer alguma coisa - lamentou.
Simon disse que não pode culpar a imprensa por divulgar os erros e irregularidades ocorridos no Senado, mas pode criticar a forma como as coisas foram feitas.
Em aparte, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que, "embora não tenha contribuído um milímetro" para a crise, Simon também é responsável por ela. Ele lembrou o episódio em que um grupo de senadores convidou o senador pelo Rio Grande do Sul para ser candidato suprapartidário à Presidência do Senado, mas Simon rejeitou.
- Se, naquele momento, tivesse pensado um pouco mais no Senado e no Brasil, talvez estivéssemos vivendo em outras águas aqui - assinalou.
Simon respondeu reconhecendo que realmente não aceitou o convite porque, ao colocar a proposta em discussão na bancada, seu partido o deixou "falando sozinho", recusando apoio a uma candidatura suprapartidária.
- Lamento, mas não aceitei e acho que não fiz mal - disse.
O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) discordou de Simon e disse que a renúncia ou mesmo o pedido de licença são atos voluntários. Para o senador, aqueles que cobram o afastamento de Sarney deveriam cobrar o mesmo de todos os membros da Mesa. Mesquita disse a Casa passa para o povo a impressão de que trama-se um golpe contra o processo eleitoral.
- Se nada acontecer dentro de algum tempo, aí talvez seja o caso de tomarmos uma decisão. Mal ou bem, os fatos estão sob investigação - assinalou.
Simon respondeu a Mesquita lembrando que uma eventual renúncia seria diferente de outros episódios na Casa. Ele recordou que os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA), Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciaram para não serem cassados. No caso de Sarney, explicou o senador, o bem estaria sendo feito para ele próprio e para o Senado.
Assinalando a sua condição de avô de cinco netos, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que se estivesse no lugar do Sarney, tendo ocorrido envolvendo os netos, seguiria a recomendação de Simon e se afastaria do cargo até que tudo fosse investigado.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que a proposta de Simon está dentro de um espírito de respeito e que o erro [do Senado] foi eleger uma pessoa cuja biografia é maior que o cargo. Segundo Cristovam, o povo quer eleições gerais porque não confia em nenhum dos parlamentares e quer a dissolução do Congresso. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o que está faltando no Senado é educação e respeito.
Agência Senado
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